29 de abr. de 2012

Guerra dos Sexos

Você está sentado, lendo tranquilamente o blog Pausa Para O Café, quando escuta gritos horripilantes vindos da sala. É uma mistura de sirene de ambulância com berros de porco sendo estripado. É horrível. É desumano. É medonho. Alguém tem que fazer alguma coisa! Alguém precisa acabar com o sofrimento dessa criatura ferida! Desesperado, você pede: “Alguém, por favor, dê um tiro de misericórdia nesse pobre animal agonizante!” Então sua mulher/noiva/namorada responde: “Não é animal, 'bê'. É o novo disco da Gal Costa!” Ah! Aaaahhhh... Então tá. Gal Costa, né?

Esse é um dos grandes mistérios da civilização: como é que alguém pode achar graça em mulher gritando? Nós, machos de verdade, detestamos berros femininos no ouvido. Em nossa discoteca nunca entram criaturas desagradáveis como Gal Costa, Elba Ramalho, Djavan, Tetê Espíndola, Celine Dion e Edson Cordeiro. Mulher, no entanto, adora esse tipo de coisa. Quanto mais berra, mais ela gosta. Aí está um terreno em que homens e mulheres nunca vão se encontrar – a cultura.

Mulheres sonham com um cara bom de cama, que saiba trocar o pneu e consertar o chuveiro, mas que, na hora de ir ao cinema, em vez de escolher uma coisa educativa tipo Mulheres Peitudas contra Mortos-Vivos, prefira um filme iraniano sobre frutas e legumes (A Maçã, O Abacaxi, O Nabo, etc.). O diretor também deve ter um nome desagradável como Neurastami, Adisabeba, Maskimalbafo ou coisa parecida.

Mulher adora longa-metragem desfocado, criancinha chorando porque não tem sapato, filme francês com cor no título (O Amor É Azulzinho), peça cheia de fumaça e qualquer movimento artístico cujo nome tenha nouvelle. Até Foto Nouvelle e Tele Nouvelle funcionam. Esse grande enigma da natureza feminina foi pesquisado em profundidade e chegou-se a conclusões bastante elucidativas:

1 – Toda mulher tem um amigo que é decorador, dono de antiquário, ator de peça infantil ou cabeleireiro.

2 – Essas criaturas sensíveis, vítimas de uma sociedade preconceituosa e meio pro cafajeste, precisam de auto-afirmação para justificar seus hábitos anormais (decoração de interiores, por exemplo).

3 – Assim, eles passam a apreciar qualquer coisa aparentemente refinada, in, do bem, bacana, tchan, legal, hype, moderna, fashion, que esteja na moda. E as mulheres, como se sabe, são profundamente afetadas pela opinião do cabeleireiro e/ou do decorador.

Entretanto, já que você terá de conviver com essas pseudovarguardices, o melhor a fazer é um curso rápido sobre as coisas que elas tanto adoram.

A seguir, algumas dicas do que e de quando dizer a coisa certa sobre certos assuntos.

TROPICALISMO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma coisa assim tipo demais, brasileira e universal, uma mistura pop contemporânea e antropofágica que até hoje dá o tom da música brasileira.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Uns caras com abacaxi na cabeça fazendo macumba pra turista ver.

REPRESENTANTES

Caetano Veloso, Gilberto Gil e a sirene desgovernada Gal Costa.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nossa, o Caetano é um gênio da raça, o cara mais antenado da música mundial e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Quando é que esse cara vai entender que Carmen Miranda e Oswald de Andrade não eram a mesma pessoa?”

CINEMA IRANIANO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Um cinema humano, simples e honesto que tem o homem como foco principal. Além disso, faz a gente se acabar de tanto chorar.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Um bando de desdentados esperando que a gente se interesse pela vida interior deles (bicho de pé, etc.).

REPRESENTANTES

Abbas Kirarostami, Mohsen Makhmalbaf, Dariush Mehrjui e mais uns outros nomes impronunciáveis que fazem filmes inassistíveis.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Puxa, que coisa linda e emocionante, isso que é filme e não aquela bobagem violenta made in Hollywood e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES
“Num lugar onde n]ao existe McDonald's não se pode fazer um cinema descente!”

EXPOSIÇÃO DE ARTE (com obras intituladas Cosmogonia I e Perspectiva II)

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma arte que retrata o vazio e a falta de objetividade da condição humana e que vai combinar perfeitamente com aquele tapete vermelho lá da sala, né, amor?

O QUE É ISSO NA REALIDADE

A prova concreta de que o autor precisa conhecer um belo Picasso.

REPRESENTANTES

Uma multidão de pseudos que, se nomeados, excedem o limite de caracteres do blog.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nossa, essa instalação com balde vermelho cheio de areia pendurado no teto é pós-primitiva, neo moderna, pré-abstrata e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Se essa bosta cair na minha cabeça, meto a mão na fuça do autor!”

BALÉ CLÁSSICO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma expressão do mais belo gestual de que um corpo humano é capaz e, hummm, os rapazes estão com lenços dentro da malha ou são todos primos do Kid Bengala?

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Um monte de boiolas rodopiando feito idiotas no palco.

REPRESENTANTES

Barishnikov, Nijinski, Molotov, Orloff, Smirnoff e vários outros caras com nome de vodca.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nunca vi coisa tão linda e emocionante em toda a minha vida, estou todo arrepiado e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Cara de malha colante ou é Homem-Aranha ou é homem-viado...”

POESIA CONCRETA

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

A pedra filosofal pós-moderna da poesia revolucionária de vanguarda no século XX.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Slogans ruins, arte gráfica medíocre e muita, muita pretensão.

REPRESENTANTES

Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Sim, eu digo sins, issé a vanguardança maravilhenta p(r)oética do moderrâneo e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Eu quero ver é um desses concretinos sentar a bunda na cadeira e fazer um soneto!”

A diferença é o tempero da vida. Mesmo assim, é melhor aprender o que dizer na hora certa pro bicho não pegar.

15 de abr. de 2012

"Cuidado com a coisa coisando por aí"

Não sei quem é o autor dessa coisa, mas só sei que essa coisa é uma coisa boa de ler.


Coisa.

A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.

Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.

Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943.. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".

Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinícius, que sabiam das coisas.

Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar/Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer  coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à toa. Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".

Entendeu o espírito da coisa?

1 de abr. de 2012

O buffet

Texto brilhantemente  escrito por Luís Fernando Veríssimo.


Um dos martírios da vida social moderna é o buffet. Ele nasceu com boas intenções,como resposta à necessidade de alimentar da maneira mais prática o maior número de pessoas com o máximo de elegância possível. Isto é, sem que a festa pareça um rififi no refeitório. E difícil servir 300 ou 400 pessoas nas suas mesas e ao mesmo tempo, à francesa,a não ser que haja quase tantos garçons quanto convidados. A solução, já que a comida não pode ir às pessoas, é as pessoas irem à comida. Outra vantagem do buffet é que, com todos os pratos concentrados sobre uma única e bem ornamentada mesa, ele dá a correta impressão de abundância. Que é, afinal, o que nos leva a festas. Todo buffet é uma alegoria à fartura. Há cascatas de camarões, leitões esquartejados e remontados sobre pedestais de farofa, everestes de maionese, continentes de saladas e de frios. Uma vez, juro, vi um faisão empalhado no centro da mesa, na pose de quem se preparava para decolar deste insensato mundo. Só o que o mantinha na terra era a sua própria carne, em fatias, a seus pés. Diante de um buffet você deve se debater entre dois sentimentos: a vontade de comer tudo e o remorso por estragar a arquitetura. Depois, é claro, de agradecer à providência por pertencer aos 30% da população que comem e à minoria ainda menor que é convidada a buffets. Poiso buffet também é a apoteose da boca-livre.

Os críticos mais moderados do buffet o comparam a uma linha de montagem, e fazem uma injustiça. A linha de montagem é mais organizada. Ao redor de uma mesa de buffet o ser humano reverte ao seu protótipo mais primitivo: a fera diante do alimento. A patina de civilização se quebra, como o exterior caramelado do presunto, e é cada um por sie pelo seu estômago. Já vi velhos amigos duelarem a empurrões diante de um rosbife, e marido e mulher chegarem aos tapas na disputa do último camarão.

Porque a verdade é que o buffet não dá certo. Ele pressupõe um desprendimento com relação à comida que ninguém tem. Embora alguns finjam que têm.

Vou esperar que os selvagens se sirvam e depois vou até lá diz ele, sorrindo com desprezo para a horda em volta da mesa.
Eu, se fosse você, não esperava. O bolo de peixe já estava pela metade — avisa alguém.
Epa — diz ele, e mergulha no meio da horda, usando os cotovelos para abrir caminho.

Mas o buffet é irreversível e o negócio é aprender a conviver com ele. Existem algumas regras de conduta que nos ajudam a sair de um buffet, mesmo o mais concorrido, razoavelmente bem alimentados e sem danos, fora alguns rasgões na roupa. Aprendi com a experiência e tenho as marcas de garfo na mão para provar. Tome nota.

Antes de mais nada, não obedeça a ordens. É comum o anfitrião sugerir, bem-humorado, alguma espécie de hierarquia no acesso ao buffet. Primeiro, as mesas deste lado ou daquele, primeiro os mais velhos, as autoridades, os mutilados de guerra etc. Ignore-o. Seja o primeiro a saltar da mesa, mesmo fora de ordem. O máximo que pode acontecer é você receber olhares feios. O que importa isto diante de uma cascata de camarões ainda intocada e da oportunidade de escolher os melhores tomates? Nunca desmereça as vantagens de chegar primeiro.

Estude o terreno — O planejamento é importantíssimo. Ao entrar na festa, examine cuidadosamente o buffet. Resista à tentação de começar a botar camarões no bolso. Isto é apenas um reconhecimento. Decore a localização dos pratos mais importantes. Geralmente, há 17 tipos diferentes de salada de batata. Concentre-se numa para não perder tempo depois.

Faça uma anotação mental do melhor acesso à lagosta, se houver. Lembre-se de que dois ou três pedaços de lagosta valem uma travessa de peito de peru em qualquer mercado de valores do mundo. Decida-se por uma estratégia de ataque. Se preciso, estude uma ação diversionista. Na hora de avançar, dirija-se resolutamente para os embutidos e, à última hora, desvie rapidamente para a lagosta, confundindo o inimigo.

Macetes — com o tempo, você os desenvolverá sozinho. Cada um tem seu estilo. Alguns lembretes, no entanto. Se possível, sirva-se com dois pratos, com o pretexto de que está servindo a sua mulherzinha, ou o seu maridinho, também. Se você realmente está com sua mulher ou seu marido, melhor. Ela ou ele pode fazer o mesmo e dizer que está servindo você. O trabalho em equipe é importante desde que se combine previamente quem ficará com todos os camarões. Atenção: jamais use a colherzinha que está junto ao pote para servir o caviar se houver uma colher de sopa à mão.
Seja impiedoso — Está bem, ninguém quer ser imoral, mas estamos falando de comida! Se a pessoa à sua frente não se mexe e impede seu acesso aos mexilhões, que desaparecem rapidamente, use o cabo do garfo discretamente entre a última e a penúltima costela. Se não der certo, use a ponta do garfo. Espalhe o boato de que o leitão no centro é de plástico e só está ali como enfeite. Finja que vai verificar e apalpe todo o leitão com as mãos. Diga coisas como: "Ninguém se mova, acho que caiu uma mosca na vitela tome."Pegue todo o prato, dando a entender que vai despejá-lo pela janela. Espirre, distraidamente,em cima dos cogumelos.

Use coação — Geralmente, há um garçom servindo o prato quente. Provavelmente estrogonofe. É comum o garçom carregar no arroz para poupar o estrogonofe. Ao apresentar seu prato, encare-o e diga, com o olhar: "Eu conheço a sua laia, patife. Se me sonegar o estrogonofe, enfiarei a sua cabeça no molho vinagrete até que você morra!".

Despeça-se dele dando a entender que voltará em breve e ai dele se disser qualquer coisa como "você por aqui de novo?". No caso de você e outro convidado espetarem o último pedaço de matambre ao mesmo tempo, sorria enquanto lhe aplica um ponta pé.

É incrível o que se consegue com um sorriso.

Você conseguiu e já está saboreando o prato quente enquanto outros, menos empreendedores, ainda nem chegaram perto dos tomates. Não se desmobilize, no entanto. Lembre-se de que ainda falta a batalha dos doces.