27 de mai. de 2012

As 10 fases da bebedeira

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Cientificamente comprovada que estas são as 10 principais e mais comuns fases da bebedeira:

Fase 1 – O Normal

Você começa a beber, aquilo desce gostoso, provocando uma leve euforia e um sorriso fácil, fica-se sociável. Você até conta algumas piadinhas pra "relaxar o ambiente".

Fase 2 – A Alegria

Você começa a rir de coisas bobas, tudo é engraçado. As histórias ou estórias começam a vir “à tona” facilmente.

Fase 3 – O Sábio

Com mais alguns goles, você se torna o cara mais inteligente do ambiente, tem domínio de todos os assuntos e discute como se fosse especialista em qualquer tema.

Fase 4 – O comedor

Esse é o estágio Robert Pattinson – O Edward Cullen da saga Crepúsculo. Você começa a se achar o cara mais bonito e gostoso do lugar. Todas as mulheres começam a olhar para você. As que não olham, só estão fazendo charme pra chamar sua atenção, estão "se fazendo de difícil"!

Fase 5 – A Cegueira / Miopia

Alguma coisa diferente começa a acontecer com as pessoas do sexo feminino! Elas começam a ficar mais charmosas e chamativas. Rugas, espinhas e quilos a mais somem. Essa fase é perigosa, pois, nesse momento, você já começa a achar todas lindas!

Fase 6 – O Machão

Após perceber que você se tornou o homem mais bonito e desejado do local, começa a necessidade de demarcar o território. É quando ninguém pode com você!

Fase 7 – Amizade (Nostalgia)

Todos ao redor são seus amigos: barman, DJ, promoters, dançarinas... A fase amizade possui uma variante que é o momento nostalgia. Você se declara para seus amigos, dizendo o quão é importante a amizade e companheirismo deles, começa a relembrar fatos passados e contar o tempo de amizade.

Fase 8 – O Rico

Você se torna o cara mais rico do mundo. Começa a pagar bebida, afinal de contas todos agora no local são seus amigos. Eventos sociais como churrascos e festas na sua casa, geralmente são agendados nessa fase.

Fase 9 – O Homem-invísivel

Uma das fases mais complicadas. Você faz um monte de bobagens achando que ninguém está vendo nada.

Fase 10 – Amnésia

Após dormir mais de 12 horas, não lembra o que fez no dia anterior e dependendo do comentário geral do pessoal, jura que nem saiu de casa.
Célebre frase: Se não lembro, é porque não fiz.

A fase 10 pode possuir um agravante, pois pode vir combinada com as fases 4, 5 e 9, tornado-se um pesadelo.

Você pode acordar no outro dia, em um local estranho, ao lado do maior Jaburu, ter que pagar a conta do motel e ainda levar ela para casa...mas tem o pior de tudo...SÓBRIO

Esse último estágio, em geral, vem acompanhado de um pensamento que denota bem a fase:

"Meu Deus... quê que eu tô fazendo aqui?", ao lado da mulher mais feia jamais imaginada. Praticamente uma filhote de cruz-credo com Deus me livre.

 É hora então de ativar o "Flash" dentro de você:

– "Gata, o que é aquilo ali no chão???" e sair o mais rápido possível de lá!!

13 de mai. de 2012

Imaginação de mãe

Mãe é tudo igual. Só muda o endereço, mas, os seus pensamentos funcionam da mesma forma. É mais ou menos assim:


1- Se ela liga e você não atende o celular na hora:
Você morreu!

2- Se você saiu, demora e não atende o celular:
Você foi sequestrado e morreu.

3- Saiu com as amigos, demora e não atende o celular:
Você estava bêbado, foi sequestrado e morreu.

4- Saiu pra paquerar com os amigos, ver as gatinhas, etc...
Você está bêbado, engravidou uma vagabunda foi sequestrado e morreu.

Quando você atende o celular:

- Mãe, tá tudo bem? Tem 56 chamadas no celular.

- Oii filhinho, mamãe tá ligando só pra saber se está tudo bem. Sabe, tive um pressentimento, mas nada de mais.

- Tá sim mãe. Posso voltar a dormir agora?!

29 de abr. de 2012

Guerra dos Sexos

Você está sentado, lendo tranquilamente o blog Pausa Para O Café, quando escuta gritos horripilantes vindos da sala. É uma mistura de sirene de ambulância com berros de porco sendo estripado. É horrível. É desumano. É medonho. Alguém tem que fazer alguma coisa! Alguém precisa acabar com o sofrimento dessa criatura ferida! Desesperado, você pede: “Alguém, por favor, dê um tiro de misericórdia nesse pobre animal agonizante!” Então sua mulher/noiva/namorada responde: “Não é animal, 'bê'. É o novo disco da Gal Costa!” Ah! Aaaahhhh... Então tá. Gal Costa, né?

Esse é um dos grandes mistérios da civilização: como é que alguém pode achar graça em mulher gritando? Nós, machos de verdade, detestamos berros femininos no ouvido. Em nossa discoteca nunca entram criaturas desagradáveis como Gal Costa, Elba Ramalho, Djavan, Tetê Espíndola, Celine Dion e Edson Cordeiro. Mulher, no entanto, adora esse tipo de coisa. Quanto mais berra, mais ela gosta. Aí está um terreno em que homens e mulheres nunca vão se encontrar – a cultura.

Mulheres sonham com um cara bom de cama, que saiba trocar o pneu e consertar o chuveiro, mas que, na hora de ir ao cinema, em vez de escolher uma coisa educativa tipo Mulheres Peitudas contra Mortos-Vivos, prefira um filme iraniano sobre frutas e legumes (A Maçã, O Abacaxi, O Nabo, etc.). O diretor também deve ter um nome desagradável como Neurastami, Adisabeba, Maskimalbafo ou coisa parecida.

Mulher adora longa-metragem desfocado, criancinha chorando porque não tem sapato, filme francês com cor no título (O Amor É Azulzinho), peça cheia de fumaça e qualquer movimento artístico cujo nome tenha nouvelle. Até Foto Nouvelle e Tele Nouvelle funcionam. Esse grande enigma da natureza feminina foi pesquisado em profundidade e chegou-se a conclusões bastante elucidativas:

1 – Toda mulher tem um amigo que é decorador, dono de antiquário, ator de peça infantil ou cabeleireiro.

2 – Essas criaturas sensíveis, vítimas de uma sociedade preconceituosa e meio pro cafajeste, precisam de auto-afirmação para justificar seus hábitos anormais (decoração de interiores, por exemplo).

3 – Assim, eles passam a apreciar qualquer coisa aparentemente refinada, in, do bem, bacana, tchan, legal, hype, moderna, fashion, que esteja na moda. E as mulheres, como se sabe, são profundamente afetadas pela opinião do cabeleireiro e/ou do decorador.

Entretanto, já que você terá de conviver com essas pseudovarguardices, o melhor a fazer é um curso rápido sobre as coisas que elas tanto adoram.

A seguir, algumas dicas do que e de quando dizer a coisa certa sobre certos assuntos.

TROPICALISMO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma coisa assim tipo demais, brasileira e universal, uma mistura pop contemporânea e antropofágica que até hoje dá o tom da música brasileira.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Uns caras com abacaxi na cabeça fazendo macumba pra turista ver.

REPRESENTANTES

Caetano Veloso, Gilberto Gil e a sirene desgovernada Gal Costa.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nossa, o Caetano é um gênio da raça, o cara mais antenado da música mundial e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Quando é que esse cara vai entender que Carmen Miranda e Oswald de Andrade não eram a mesma pessoa?”

CINEMA IRANIANO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Um cinema humano, simples e honesto que tem o homem como foco principal. Além disso, faz a gente se acabar de tanto chorar.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Um bando de desdentados esperando que a gente se interesse pela vida interior deles (bicho de pé, etc.).

REPRESENTANTES

Abbas Kirarostami, Mohsen Makhmalbaf, Dariush Mehrjui e mais uns outros nomes impronunciáveis que fazem filmes inassistíveis.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Puxa, que coisa linda e emocionante, isso que é filme e não aquela bobagem violenta made in Hollywood e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES
“Num lugar onde n]ao existe McDonald's não se pode fazer um cinema descente!”

EXPOSIÇÃO DE ARTE (com obras intituladas Cosmogonia I e Perspectiva II)

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma arte que retrata o vazio e a falta de objetividade da condição humana e que vai combinar perfeitamente com aquele tapete vermelho lá da sala, né, amor?

O QUE É ISSO NA REALIDADE

A prova concreta de que o autor precisa conhecer um belo Picasso.

REPRESENTANTES

Uma multidão de pseudos que, se nomeados, excedem o limite de caracteres do blog.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nossa, essa instalação com balde vermelho cheio de areia pendurado no teto é pós-primitiva, neo moderna, pré-abstrata e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Se essa bosta cair na minha cabeça, meto a mão na fuça do autor!”

BALÉ CLÁSSICO

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

Uma expressão do mais belo gestual de que um corpo humano é capaz e, hummm, os rapazes estão com lenços dentro da malha ou são todos primos do Kid Bengala?

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Um monte de boiolas rodopiando feito idiotas no palco.

REPRESENTANTES

Barishnikov, Nijinski, Molotov, Orloff, Smirnoff e vários outros caras com nome de vodca.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Nunca vi coisa tão linda e emocionante em toda a minha vida, estou todo arrepiado e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Cara de malha colante ou é Homem-Aranha ou é homem-viado...”

POESIA CONCRETA

O QUE É ISSO SEGUNDO SUA NAMORADA

A pedra filosofal pós-moderna da poesia revolucionária de vanguarda no século XX.

O QUE É ISSO NA REALIDADE

Slogans ruins, arte gráfica medíocre e muita, muita pretensão.

REPRESENTANTES

Haroldo e Augusto de Campos, Décio Pignatari.

FRASE QUE VOCÊ PODE USAR NA FRENTE DA SUA NAMORADA E DO DECORADOR DELA

“Sim, eu digo sins, issé a vanguardança maravilhenta p(r)oética do moderrâneo e ai, me segura qu'eu vou ter um troço!”

FRASE QUE VOCÊ DEVE USAR LONGE DELES

“Eu quero ver é um desses concretinos sentar a bunda na cadeira e fazer um soneto!”

A diferença é o tempero da vida. Mesmo assim, é melhor aprender o que dizer na hora certa pro bicho não pegar.

15 de abr. de 2012

"Cuidado com a coisa coisando por aí"

Não sei quem é o autor dessa coisa, mas só sei que essa coisa é uma coisa boa de ler.


Coisa.

A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?".

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha.

Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.

Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943.. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".

Devido lugar: "Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinícius, que sabiam das coisas.

Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim!

Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB. No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar/Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".

Cheio das coisas. As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas.

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa...Já qualquer  coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à toa. Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".

Entendeu o espírito da coisa?

1 de abr. de 2012

O buffet

Texto brilhantemente  escrito por Luís Fernando Veríssimo.


Um dos martírios da vida social moderna é o buffet. Ele nasceu com boas intenções,como resposta à necessidade de alimentar da maneira mais prática o maior número de pessoas com o máximo de elegância possível. Isto é, sem que a festa pareça um rififi no refeitório. E difícil servir 300 ou 400 pessoas nas suas mesas e ao mesmo tempo, à francesa,a não ser que haja quase tantos garçons quanto convidados. A solução, já que a comida não pode ir às pessoas, é as pessoas irem à comida. Outra vantagem do buffet é que, com todos os pratos concentrados sobre uma única e bem ornamentada mesa, ele dá a correta impressão de abundância. Que é, afinal, o que nos leva a festas. Todo buffet é uma alegoria à fartura. Há cascatas de camarões, leitões esquartejados e remontados sobre pedestais de farofa, everestes de maionese, continentes de saladas e de frios. Uma vez, juro, vi um faisão empalhado no centro da mesa, na pose de quem se preparava para decolar deste insensato mundo. Só o que o mantinha na terra era a sua própria carne, em fatias, a seus pés. Diante de um buffet você deve se debater entre dois sentimentos: a vontade de comer tudo e o remorso por estragar a arquitetura. Depois, é claro, de agradecer à providência por pertencer aos 30% da população que comem e à minoria ainda menor que é convidada a buffets. Poiso buffet também é a apoteose da boca-livre.

Os críticos mais moderados do buffet o comparam a uma linha de montagem, e fazem uma injustiça. A linha de montagem é mais organizada. Ao redor de uma mesa de buffet o ser humano reverte ao seu protótipo mais primitivo: a fera diante do alimento. A patina de civilização se quebra, como o exterior caramelado do presunto, e é cada um por sie pelo seu estômago. Já vi velhos amigos duelarem a empurrões diante de um rosbife, e marido e mulher chegarem aos tapas na disputa do último camarão.

Porque a verdade é que o buffet não dá certo. Ele pressupõe um desprendimento com relação à comida que ninguém tem. Embora alguns finjam que têm.

Vou esperar que os selvagens se sirvam e depois vou até lá diz ele, sorrindo com desprezo para a horda em volta da mesa.
Eu, se fosse você, não esperava. O bolo de peixe já estava pela metade — avisa alguém.
Epa — diz ele, e mergulha no meio da horda, usando os cotovelos para abrir caminho.

Mas o buffet é irreversível e o negócio é aprender a conviver com ele. Existem algumas regras de conduta que nos ajudam a sair de um buffet, mesmo o mais concorrido, razoavelmente bem alimentados e sem danos, fora alguns rasgões na roupa. Aprendi com a experiência e tenho as marcas de garfo na mão para provar. Tome nota.

Antes de mais nada, não obedeça a ordens. É comum o anfitrião sugerir, bem-humorado, alguma espécie de hierarquia no acesso ao buffet. Primeiro, as mesas deste lado ou daquele, primeiro os mais velhos, as autoridades, os mutilados de guerra etc. Ignore-o. Seja o primeiro a saltar da mesa, mesmo fora de ordem. O máximo que pode acontecer é você receber olhares feios. O que importa isto diante de uma cascata de camarões ainda intocada e da oportunidade de escolher os melhores tomates? Nunca desmereça as vantagens de chegar primeiro.

Estude o terreno — O planejamento é importantíssimo. Ao entrar na festa, examine cuidadosamente o buffet. Resista à tentação de começar a botar camarões no bolso. Isto é apenas um reconhecimento. Decore a localização dos pratos mais importantes. Geralmente, há 17 tipos diferentes de salada de batata. Concentre-se numa para não perder tempo depois.

Faça uma anotação mental do melhor acesso à lagosta, se houver. Lembre-se de que dois ou três pedaços de lagosta valem uma travessa de peito de peru em qualquer mercado de valores do mundo. Decida-se por uma estratégia de ataque. Se preciso, estude uma ação diversionista. Na hora de avançar, dirija-se resolutamente para os embutidos e, à última hora, desvie rapidamente para a lagosta, confundindo o inimigo.

Macetes — com o tempo, você os desenvolverá sozinho. Cada um tem seu estilo. Alguns lembretes, no entanto. Se possível, sirva-se com dois pratos, com o pretexto de que está servindo a sua mulherzinha, ou o seu maridinho, também. Se você realmente está com sua mulher ou seu marido, melhor. Ela ou ele pode fazer o mesmo e dizer que está servindo você. O trabalho em equipe é importante desde que se combine previamente quem ficará com todos os camarões. Atenção: jamais use a colherzinha que está junto ao pote para servir o caviar se houver uma colher de sopa à mão.
Seja impiedoso — Está bem, ninguém quer ser imoral, mas estamos falando de comida! Se a pessoa à sua frente não se mexe e impede seu acesso aos mexilhões, que desaparecem rapidamente, use o cabo do garfo discretamente entre a última e a penúltima costela. Se não der certo, use a ponta do garfo. Espalhe o boato de que o leitão no centro é de plástico e só está ali como enfeite. Finja que vai verificar e apalpe todo o leitão com as mãos. Diga coisas como: "Ninguém se mova, acho que caiu uma mosca na vitela tome."Pegue todo o prato, dando a entender que vai despejá-lo pela janela. Espirre, distraidamente,em cima dos cogumelos.

Use coação — Geralmente, há um garçom servindo o prato quente. Provavelmente estrogonofe. É comum o garçom carregar no arroz para poupar o estrogonofe. Ao apresentar seu prato, encare-o e diga, com o olhar: "Eu conheço a sua laia, patife. Se me sonegar o estrogonofe, enfiarei a sua cabeça no molho vinagrete até que você morra!".

Despeça-se dele dando a entender que voltará em breve e ai dele se disser qualquer coisa como "você por aqui de novo?". No caso de você e outro convidado espetarem o último pedaço de matambre ao mesmo tempo, sorria enquanto lhe aplica um ponta pé.

É incrível o que se consegue com um sorriso.

Você conseguiu e já está saboreando o prato quente enquanto outros, menos empreendedores, ainda nem chegaram perto dos tomates. Não se desmobilize, no entanto. Lembre-se de que ainda falta a batalha dos doces.

18 de mar. de 2012

Curiosidades

Um clássico sobre curiosidades que roda a internet já faz um bom tempo.

1 – Se você gritar durante 8 anos, 7 meses e seis dias, produzirá energia sonora suficiente para esquentar uma xícara de café... (Acho que não vale a pena!)

2 – Já se você soltar pum direto durante 6 anos e 9 meses, produzirá gás suficiente para criar a energia de uma bomba atômica... (Agora sim!)

3 – A pressão produzida pelo coração humano ao bater é suficiente para espirrar sangue a uma distância de 9 metros...

4 – O orgasmo de um porco dura 30 minutos!!! (Na próxima encarnação, quero ser um porco!)

5 – Bater com a cabeça contra a parede consome 150 calorias por hora... (Ainda não consegui esquecer aquele lance do porco!)

6 – Os humanos e os golfinhos são as únicas espécies que copulam por prazer... (É por isso que o Flipper está sempre sorrindo? E porque o porco não está incluído nessa lista?)

7 – A formiga consegue levantar 50 vezes o seu peso, puxar 30 vezes o seu peso e sempre cai para o lado direito quando intoxicada... (O governo pagou por essa pesquisa?)

8 – Os ursos polares são canhotos... (Quem descobriu isso? Quem liga?! Quem pagou pela pesquisa? Meu Deus, eles escrevem?)

9 – A pulga consegue pular a uma distância correspondente a 350 vezes o comprimento do seu corpo. É como se um ser humano pulasse a distância de um campo de futebol...

10 – A barata consegue sobreviver nove dias sem a cabeça antes de morrer de fome... (Como sabem que ela morreu de fome? Arghhh!!!)

11 – O louva-a-deus macho não consegue copular com a cabeça presa ao corpo. A fêmea inicia o ritual de acasalamento arrancando fora a cabeça do macho... (Vamos voltar ao assunto do porco.... é mais interessante!)

12 – Alguns leões copulam mais de 50 vezes por dia... (Na próxima encarnação, eu continuo querendo ser um porco... Prefiro qualidade a quantidade!!! Mas, se não puder ser um porco, antes ser leão do que louva-a-deus...)

13 – O paladar das borboletas está nos pés... (sem comentários)

14 – Os elefantes são os únicos animais que não conseguem pular... (Onde está a novidade?? Tem muito amigo meu que também não pula, eu mesmo já tô saindo da lista...)

15 – O olho de um avestruz é maior do que o seu cérebro... (Conheço algumas pessoas assim...)

16 – Estrelas do mar não tem cérebro... (Definitivamente eu conheço algumas pessoas assim!)

17 – E não se esqueça: se alguém encher o seu saco, você precisa usar 42 músculos da face para franzir a testa. Mas, só precisa de 4 para esticar o braço e dar um soco na cabeça do chato! (Mas eu ainda não paro de pensar no PORCO!!!)

3 de mar. de 2012

Bebo sim...

O texto a seguir não reflete a realidade do autor do blog que, diga-se de passagem, não bebe e não aconselha outros a beberem.

Tinha lá em casa dez garrafas de cachaça da boa. Minha mulher obrigou-me a joga-las fora.

Peguei a 1ª garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia;
Peguei a 2ª garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia;
Peguei a 3ª garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia;
Peguei a 4ª garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo;
Peguei o 5º copo, joguei na rolha da pia e bebi a garrafa;
Peguei a 6ª pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto;
A 7ª garrafa eu peguei no resto e bebi a pia;
Peguei o copo, bebi o resto e joguei na pia a 8ª garrafa;
Joguei a 9ª pia no copo, peguei a garrafa e bebi no resto;
O 10º copo eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.

Sorte minha que ninguém abriu a torneira senão eu entrava pelo cano!

19 de fev. de 2012

Carnaval 2010

Aquelas pessoas que me conhecem sabem que eu não gosto de carnaval. Na minha humilde opinião é um feriado que já deveria ter deixado de existir há tempos. Esse lance da política de pão e circo já está mais que batida. Particularmente eu prefiro ficar trancado em casa – uma vez que ainda não tenho dinheiro pra sair do país nesta época do ano – e nem ligo a TV, pois só se fala da folia de Momo não importando o canal e que se ligue. O que seria de mim sem meus livros, revistas, internet ou canais fechados?

Aconteceu de no carnaval de 2010 uma amiga, por quem eu tenho um grande apreço, carinho e amo muito saiu de Campo Grande/ MS pra conhecer o carnaval de Salvador. Ela já esteve pelas bandas da Soterópolis na Semana Santa de 2007, que foi quando eu a conheci pessoalmente – antes disso só a conhecia pelo orkut e MSN.

Como eu não gosto de carnaval, mas não podia deixar de ver Lesly, essa minha amiga tão amada, marquei com ela bem longe dos locais onde a festa ocorre em Salvador: no Shopping Iguatemi. Nos encontramos lá ela, eu, Doo (outro amigo nosso) e a namorada dele. Conversamos um pouco e matamos parte das saudades que sentíamos um do outro. Ela já tinha acertado com outros amigos nossos que ia encontrá-los no Largo 2 de Julho pra aproveitar o carnaval. Como ela não conhece bem a cidade, Doo ficou de levá-la até lá. A namorada dele foi pra casa, pois ia pra Avenida com o primo. E foi aí que a coisa começou a degringolar.

Fomos pegar o ônibus na Rodoviária e, quando chegamos lá, a namorada de Doo ligou pra ele dizendo que ele havia ficado com o CD dela. Me dispus a levar Lesly onde o restante do pessoal estava, já que Doo tira que voltar pra devolver o CD. O ônibus não tardou a passar e chegamos sem (quase) nenhum transtorno na Estação da Lapa. As maiores dificuldades foram termos ido em pé e o ônibus ter enchido com foliões indo para a festa.

A multidão de festeiros não chegou e me espantar, pois já esperava por isso, mas não sei se ela ficou assustada/espantada com a quantidade de gente subindo a ladeira como formigas indo em direção a uma mesa cheia de guloseimas. Coloquei a bolsa dela no meu pescoço, segurei-a pela mão e fomos enfrentar aquele mar de gente e o perigo de nos separarmos. Passamos pela Praça da Piedade e Av. Sete sem problemas. Na Av. Carlos Gomes o bloco Filhos de Gandhi havia terminado de passar, já fazendo o caminho de volta do circuito Dodô. Lesly até queria ter tirado fotos com eles, mas não deu tempo.

Encontramos o pessoal, fiz a social ficando um tempo lá e fui-me embora, mas voltei logo: Tomate, com o bloco Internacionais, estava passando na Carlos Gomes impedindo a minha passagem. Em sendo assim, resolvi voltar e ficar mais um pouco com o pessoal. Pouco depois ele resolveram ir ver os blocos passando enquanto eu fui embora outra vez.

Tomate já tinha ido embora quando passei na Carlos Gomes de novo e segui o meu caminho. Quando cheguei na Rua da Forca vi, pelos balões se aproximando, que havia mais um bloco chegando e pedi a Deus que não fosse um certo bloco, o pior que há para quem quer tentar passar para o outro lado. Era ele! De nada adiantaram minhas preces: era o Camaleão!!! Aquela desgraça daquele bloco tem uns 3km dos balões até o carro de apoio. Dali até o fim do bloco deve ter mais uns 2,5km.

A Rua da Forca é um beco sem vergonha que fica entre um banco e uma loja de eletrodomésticos e que liga a Av. Carlos Gomes à Av Sete/Praça da Piedade. Era tarde demais pra mim: não tinha mais como seguir em frente. Ainda tentei voltar, mas já tinha outro bloco – que eu não consigo me lembrar qual era – passando na Carlos Gomes. Aquele beco dos infernos foi enchendo de gente como acontece com qualquer bloco que passe no circuito. Mas não era qualquer bloco que estava passando: era o “Chicretão, mô pai”!

Continuei com minhas preces, dessa vez pedindo que o trio não parasse, mas, outra vez de nada adiantou pedir porque aquele filho da mãe do Bell Marques pediu pra parar quase que em frete de onde eu estava. Ele tornou a minha espera angustiante pra sair daquele lugar e deixar de ouvir Axé Music de “difícil” para “quase impossível”. Por sorte minha ele não ficou muito tempo parado e seguiu em frente – o que não quis dizer muito, pra bem da verdade. Só nessa “brincadeira” eu perdi de 20 a 30 minutos da minha vida ali, parado, espremido, com um calor que fazia a Rua da Forca parecer uma filial do inferno e ouvindo um estilo musical que não me agrada em nada. Contabilizando aí também o tempo que o carro de apoio levou parado na minha frente também. É a lei de Murphy comandando a minha vida, como SEMPRE faz. Tsc.

O fim do bloco vinha se aproximando, a rua foi esvaziando, já dava pra tentar dar alguns passos em qualquer direção e assim eu fiz. Fui caminhando em direção à saída da rua pra ver se ainda faltava muito pra eu poder ir embora daquele lugar e assim que eu vi uma brecha em que eu, magrelo que sou, poderia serpentear e sair dali fui ao seu encontro. E não me importou se eu tive que dar a volta em toda a Praça da Piedade. Tudo que eu queria era voltar pra casa. Como você pode imaginar, eu consegui. Caso contrário não teria narrado esta história.

 Com Lesly no Largo 2 de Julho.